quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Por um adolescente na prisão vai resolver os problemas da violência no Brasil?


Seu filho pode cometer um crime, será que aqui é o melhor lugar
para ele buscar o caminho certo? Ou prefere acreditar que seu
filho nunca praticará um crime. Qualquer um de nós está sujeito
a praticar um crime num momento ou em outro
Hoje os senadores se reúnem para discutir texto do novo Código Penal, entre as discussões, a possibilidade de a maioridade penal passar de 18 para 16 anos. Hoje, os delitos e contravenções praticados por menores são regulados por uma lei especial, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que disciplina punições, medidas de segurança e até reclusão em casos de infrações graves praticadas pelo menor infrator. Dizer que o ECA não funciona é uma grande bobagem, a forma como ele foi redigido se sua aplicabilidade fossem seguidos à risca e com responsabilidade funcionaria muito bem, assim como a lei penal no Brasil, tirando alguns assuntos que precisam ser regulados por causa da dinâmica da sociedade, ele funcionaria bem, leia o texto da lei e saberá o que estou falando. O que não funciona é sua aplicabilidade na prática e porque isso acontece?  Será que mudar a maioridade penal aplicando aos jovens a lei Penal e jogando-os cada vez mais cedo nas prisões vai resolver os problemas de violência vividos no País? Longe disso, é um retrocesso. A Prisão é uma escola de marginais, jogar um adolescente numa penitenciária onde conviverá com violência de todas as espécies não vai transformá-lo em uma pessoa melhor, pelo contrário, tirará dele a possibilidade de reabilitar-se.
 
Quem vai preso no Brasil?
Salvo raríssimas exceções, a prisão não é feita para bandidos e sim bandidos pobres. Na minha leiga opinião, não é o aumento da maioridade penal que vai acabar com a criminalidade no país, pelo contrário, tratar o menor com os mesmos rigores da lei penal é uma forma de castigo que só pode aumentar a criminalidade e aumentar ainda mais a população carcerária. A realidade das penitenciárias do Brasil está longe de ser um lugar de ressocialização é um amontoado de gente que só serve para aumentar os custos do Estado e causar revoltas. O modelo de prisão e punição existentes hoje não funciona e jogar os jovens neste meio não vai resolver o problema.
Quem usa os jovens para práticas de roubo e tráfico para fugir da punição vai continuar usando, só que ao invés de usar adolescentes que hoje estão entre 14 e 18 anos, usarão crianças cada vez menores, ou seja, não resolve o problema.  Se seguir essa linha daqui a pouco estaremos pondo crianças de 10 anos na cadeia.
Sei que há um clamor da sociedade para que isso aconteça e provavelmente os senadores devem seguir esse pensamento, mas vejo isso com um profundo lamento. Não é condenando nossos jovens que vamos resolver os problemas de segurança. Falta educação, oportunidades e a realidade vivida pelas crianças e jovens que vivem em estado de pobreza é muito triste, muito difícil e pelo próprio meio segue a direção da marginalização. Não estou querendo justificar os motivos pelos quais o jovem pratica infrações e sim tentando mostrar que o caminho não é esse, gostaria de ter essa resposta, mas não tenho.
Trancar o jovem numa prisão é mais fácil que implantar e fazer funcionar programas de ressocialização
Não podemos fechar os olhos para isso. Não estou dizendo que todo pobre será bandido ou que um jovem de situação financeira melhor não seguirá pelo caminho da marginalidade. O que estou tentando dizer é que um jovem que cresce em uma região periférica passando fome e todos os tipos de violência e abusos, rejeitados pela sociedade, tem uma tendência até natural de seguir o mundo do crime por sobrevivência. O Estado tem de olhar para esses jovens e trabalhar de forma a reverter esse processo. Claro que é mais fácil jogar o jovem na prisão que fiscalizar se as medidas de ressocialização como prestação de serviços à comunidade estão sendo adequadas.
 
"As infrações cometidas por jovens só podem ser combatidas de forma eficaz em sua origem: a miséria e a falta de educação. Caso contrário, estaremos sempre responsabilizando aqueles que já são vítimas pelos desajustes sociais do país. Não é justo pretender reduzir a idade da responsabilidade criminal sem antes cobrar a implementação das medidas previstas pelo ECA". (MPadre Plínio Possobom, Pastoral do Menor)


Por favor leiam esses dados e depois reflitam:
  • 90% dos crimes no Brasil são cometidos por adultos. 73,8% das infrações cometidas por jovens atentam contra o patrimônio e, destes, 50% são furtos. Apenas 8,46% dessas infrações atentam contra a vida.
  • Remeter os 10% de jovens infratores ao sistema penitenciário é engrossar a lista dos que aguardam vaga nos presídios e lançá-los na delinquência violenta.
  •  A atual população carcerária do Brasil é de 194.074, e a oferta oficial de vagas é de 107.049.
  • Em 55% dos países, a maioridade é aos 18 anos. Apenas em 19% é aos 17 anos e em 13% aos 16 anos. Em 4%, a maioridade é aos 21 anos.
  • A substituição da prisão por penas alternativas para adultos vem sendo proposta como solução para a falência do sistema carcerário em quase todos os países.
  • Nos Estados Unidos, o resultado de 7 anos de endurecimento de sentenças aplicadas a jovens foi a triplicação de crimes entre adolescentes. A Espanha voltou atrás na decisão de reduzir a maioridade para 16 anos. A Alemanha, além de retornar a maioridade para 18 anos, está criando uma justiça especializada em crimes cometidos por pessoas de 18 a 21 anos.
       (Dados publicado no site: www.andi.org.br)

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Faltam educação e consciência política ao eleitor e aos candidatos


Olá, estou de volta afinal foram 90 dias afastada do blog devido a um trabalho que estava fazendo para um candidato a vereador aqui em Bauru. O assunto pautado é a falta de educação de nossos políticos e o despreparo do eleitor. Isso mesmo. Falta EDUCAÇÃO de ambas as partes. Ontem recebemos a triste notícia da morte de uma mulher que escorregou em santinhos em frente a um dos colégios eleitorais de Bauru. Pelas fotos divulgadas nota-se claramente alguns dos candidatos que culpados por essa “nuvem de sujeira” em frente às escolas. Um deles tinha além de santinhos um jornalzinho jogado nas ruas. O que pensam esses candidatos? Se é que pensam. 
Esta é uma questão cultural, apesar de proibida pela lei eleitoral não tem uma fiscalização e punição para acabar com essa baderna fica a cargo da consciência de cada um. Infelizmente a maioria dos candidatos distribuíram santinhos pelos 87 colégios eleitorais de Bauru. Desses, a maioria eleito ou reeleito. Pouquíssimos foram os candidatos que não espalharam santinhos pelas ruas por questão de consciência ecológica, não vou citar nomes mas sei de alguns e um deles foi eleito. 
O Jornal da Cidade de Bauru (leia no jcnet) fez uma matéria muito explicativa e bem esplanada sobre o assunto, vale a pena. Na matéria do JC o promotor Eleitoral e o Meio Ambiente, Luiz Eduardo Sciuli de Castro disse que vai investigar o caso analisando as fotos tiradas nas redondezas dos colégios e que “esta é uma realidade em todo País e a reversão desse cenário depende da conscientização dos candidatos e dos partidos políticos.” Na mesma entrevista os presidentes dos partidos e até os candidatos que nitidamente aparecem nas fotos negam ter atirado os papéis nas ruas, um deles disse até que perdem o controle do material distribuído, mas a responsabilidade do material encontrado nas ruas deve ser do candidato, problema dele se perde o controle. 
No dia 5 de outubro, dois dias antes das votações acompanhei meu candidato a uma gráfica para fazer o pagamento dos materiais impressos ali.  Falando de boca de urna e eu, claro, dizendo o quanto eu era contra, ele nos mostrou dois sacos enormes de material de um candidato, uma monstruosidade, não direi  o nome do candidato responsável pois é antiético e o mesmo não venceu as eleições, nem chegou perto, mas o fato é que ele havia impresso 1 milhão de papéis com seu nome e número para distribuir em frente às escolas durante a madrugada. Você imagina, 1 milhão de papéis para 87 colégios eleitorais? Isso era material de apenas um candidato.

O eleitor tem culpa?

Bem eu não acredito que esse tipo de atitude beneficie alguém ou garanta uma vaga na Câmara. O trabalho deve ser feito muito antes das campanhas é um preparo que o candidato faz para se tornar político e popular. Mas respondendo a indagação acima, sob o meu ponto de vista, o eleitor também é culpado, uma grande parcela ainda pega o material jogado no chão, em frente a seu colégio eleitoral, no dia da eleição para votar num candidato. Ou seja, o eleitor não se prepara não procura conhecer os candidatos, suas propostas e um pouco de sua vida para escolher seu representante. Simplesmente abaixa no chão para pegar o primeiro que lhe chamar a atenção e votar. Portanto, o eleitor também é culpado assim como é culpado pelas más escolhas, depois passam 4 anos reclamando.
Essa prática tem que acabar para benefício de todos nós cidadãos. Infelizmente meu candidato não venceu as eleições, é uma pessoa honesta e de boas intenções, tive o prazer de fazer parte de sua equipe e fez questão de entregar o material gráfico nas mãos das pessoas, este é um trabalho que só está começando, acredito que nas próximas eleições mais candidatos estarão conscientes de que essa prática além de criminosa causa danos, transtornos e como o ocorrido aqui em Bauru, até a morte. Sinto muito pela senhora que teve de morrer para chamar a atenção das autoridades para essa barbaridade. Do mais vou finalizando esse texto com a seguinte frase:

 "Cada povo tem o governo que merece",
(Joseph de Maistre: conde, advogado e filósofo pós revolução francesa)